Costurando Retalhos

 

No decorrer da vida, muitos momentos ultrapassam as fronteiras do aqui e agora transformando- se em emoções e sentimentos retidos, que nos congelam no tempo. Contudo, outros momentos nos chegam e nos ajudam a desatar os nós e a seguir em frente. Assim costurando estes momentos, forma- se e transforma- se as imagens do Ser.

Os pensamentos voam e trazem à memória a infância colorida e adolescência fantasiosa. A música, a dança, os bailes. Ah! belos recortes. Amor eterno amor; sonhos constantes com o meu amor. Horas e horas a fio, à espreita da sua passagem para uma simples troca de olhar.Tantos dias, semanas e anos, a espera de um grande acontecimento. Porém, tu e eu não se entrelaçam e traçam caminhos diversos. Entretanto, o romance, a idealização, o sonho adolescente se mantiveram.

Novo encontro, nova vida, compromissos, ganhos e perdas. Casamento, filhos, carreira, nascimentos e mortes. Sucessão de eventos, importantes nas etapas do ciclo vital individual e familiar.

Idas e vindas pelas histórias. Entre encontros e desencontros, nascimentos e mortes, perdas e ganhos na roda da vida tudo foi sendo passado a limpo. A criança mimada, a adolescente responsável prematuramente, a mulher sonhadora,  entre a ilusão e a realidade, trazem à fase da maturidade novos matizes.

Após a conquista, o ponto de atração trai e em meio à desorganização, o Ser se perde e se acha e, facetas reprimidas, algumas ainda desconhecidas, despontam.

Amar e encontrar no olhar do outro a mulher inteligente, sedutora e desejada, traz à tona o momento lírico do amor adolescente. Jogos de olhares, de palavras e gestos. Amor vivido na forma de sentimento anteriormente retido. Na expansão e na expressão dos sentimentos a possibilidade de poder partir e recomeçar uma nova história, na qual ambos os amores se entrelaçaram libertando a mulher adolescente.

Muitas são as estradas e em cada uma surge uma encruzilhada. Das escolhas, (inconscientes), “sempre certa do parceiro”, vão aflorando as emoções congeladas que urgem em se derreter. No calor dos novos encontros e momentos algumas emoções vão se desfazendo e inundando  este antigo novo Ser.

Estar no aqui e agora liberta, resulta de poder se abrir para permitir que o auto conhecimento vá além da subjetividade, que as experiências  aconteçam, que o olhar se expanda para além do momento presente, que o passado seja confrontado e os retalhos possam ser costurados.

Norma Emiliano

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