Contato pessoal

Eu e o outro

O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Rubem Alves

O isolamento social nos colocou diante de muitas realidades, entre elas a solitude. Somos seres socais, habituamos a viver entre muitas pessoas e, por vezes, consideramos que são elas que preenchem nosso íntimo. 

Podemos ter quem nos escute, nos apóie e, até mesmo nos proteja, mas ninguém tem acesso a nosso interior que também pode ser nublado por muitas sombras.

Em contrapartida, o confinamento trouxe também, para alguns, uma proximidade extrema que dificultou a individualidade e ocasionou conflitos ou desgastes relacionais.

A vida é uma incógnita, não temos controle, apenas podemos encontrar o sentido como orientação às nossas escolhas no caminhar e termos valores que nos norteiem.

Estar só ou com o(s) outro(s) sempre é necessário estar consigo próprio, conhecer-se para não se emaranhar, para poder discernir o que é seu (pensamentos, idéias, emoções, sentimentos) e o que é do outro.

Somos únicos no si mesmo e é nele que podemos encontrar nossos próprios recursos para lidar com nossos sentimento e emoções diante das diversas situações da vida. Algumas vezes, como se tem vivenciado, neste momento pandêmico, há a necessidade de suportes profissionais para que o mergulho aconteça e se chegue á superfície mais fortalecido.

Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.!” Drummond

Grata por sua visita

Norma Emiliano

Comments

  • chica
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    Profunda reflexão em tuas palavras, Norma. Realmente estar junto com alguém, não significa a comunhão… Podemos estar rodeados e no entanto, sós. Tudo depende da conexão, do elo do amor, do interior de cada um… Adorei! beijos, feliz JUNHO! chica

  • Rosélia Bezerra
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    Bom Junho, querida amiga Norma!
    Uma grande verdade, sabemos bem que casas cheias não significam comunhão.
    Viver junto que seja com uma pessoa não significa Amor necessariamente.
    Muitos, por razões mercenárias até, insistem em permanecerem juntos sem afinidade.
    Não consigo entender uma vida sem a profundidade de alma, sem cumplicidade.
    Refiro-me a qualquer relacionamento em si.
    Antes só do que mal-amado…
    Ontem acordei também a temática no meu blog sobre convivência na Pandemia e o cansaço no desgaste dos relacionamentos.
    Como temos visto a realidade de muitas famílias que fingiam bem e, agora, estão sob o jugo real da não boa convivência.
    Muito boa matéria aqui.
    Tenha um novo mês abençoado!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

  • toninhobira
    Responder

    O que disse Drummond e Rubem diz muito desta solidão no meio da multidão e da estranha forma de ser feliz só. Bela postagem e provocação da reflexão sobre o contato, o outro e a nossa vida como seres emotivos e cheios de faltas e carências. A vida é comunhão e aí até a natureza é envolvida neste sentir-se acompanhado, aconchegado.
    Um bom seguimento de semana com paz e alegria e sintonia Norma.
    Beijo amiga.

  • Fê blue bird
    Responder

    Parabéns por abordar este tema de forma tão profunda, Norma.
    Esta pandemia, veio mostrar as nossas fragilidades, receios e relações .
    Nada ficará igual.
    A solidão acompanhada é para mim, a mais trágica forma de solidão.
    A ajuda profissional, nestes casos, nunca foi tão necessária e urgente.

    Grande beijinho.

  • taislc
    Responder

    Oi, Norma, essa pandemia está nos mostrando o valor exato das coisas, tanta inutilidade que vamos guardando ao longo do tempo e agora vemos toda a nossa fragilidade e que muitas coisas podem e devem ser dispensadas de nossas vidas. Também podemos fazer parte de uma multidão, mas na verdade isso não significa nada, a solidão irá existir. Podemos ter uma, duas pessoas e vivermos plenas, felizes.
    E essa pandemia nos afastou dos parentes, dos amigos… nos revelou a outra parte da moeda. E devagar estamos aprendendo a nos encontrar.
    Beijo, uma boa semana.

  • Sueli
    Responder

    Bom dia Norma,
    Um texto excelente, que nos faz refletir, senti isso de perto nos últimos 2 anos, a pandemia tem me revelado mais de mim mesma e de todos os quais convivo, e assim houveram algumas rupturas e também aproximações. No final tudo aconteceu foi e é importante.
    Bjs, Sueli

  • toninhobira
    Responder

    Bom dia Norma.
    Só agora vi que pedia estas informações.
    Sempre gostei dos temas abordados que lia mesmo antes de lhe seguir, indicado pelo amigo José Claudio (Kaká) meu conterrâneo e depois que passei a lhe seguir, li todos e comento e alguns fora do blog, direto no site.
    Prossiga amiga e envie sim notificação, fica mais fácil acompanhar.
    Bom feriado.
    Beijo.

  • Ane
    Responder

    Oi Norma! Simplesmente adorei teu post porque é assim que eu penso. Antigamente viver só era sinônimo de solidão, hoje sabemos que solidão é uma coisa, solitude é outra bem diferente… melhor só que mal acompanhado! E este tema é bem atual, todos deveriam ler e rever seus conceitos.

  • verena
    Responder

    Elogio o seu texto, Norma.
    Depois que uma das minhas filhas foi morar em outro país está mais próxima do que quando morava aqui. Nos falamos todo dia.
    Coisa que aqui não acontecia.
    Excelente postagem!
    Um beijinho carinhoso
    Verena.

  • Fá menor
    Responder

    Muito bonita reflexão. Grata.

    Bom fim-de-semana!
    Beijos.

  • Ailime
    Responder

    Boa tarde Norma,
    Um artigo que merece uma boa reflexão e que ao mesmo tempo é bem verdadeiro.
    Podemos estar acompanhados, mas sentirmo-nos sós!
    Importante é que cada um de nós não invada o silêncio do outro, porque por vezes se torna necessário.
    Um beijinho..
    Ailime

  • rudynalva
    Responder

    Norma!
    Estarmos juntos tem de ter cumplicidade.
    Linda sua reflexão e temos de refletir sobre as relações que valem realmente a pena.
    cheirinhos
    Rudy

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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