Com Manoel de Barros
Para esse autor “poesia é voar fora das asas” Ele ignora normas, transpõe limites e cria imagens surpreendentes em sua contemplação à natureza.
Com Manoel de Barros captamos momentos de magia. Ele brinca com as palavras. ” Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz.”
Prefácio
“Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.”
Norma Emiliano
Comments
chica
Que maravilha e a cada leitura de Manoel de Barros, novo encantamento! beijos,tudo de bom,chica
Calu
Na pena do poeta as moscas perceberam os “muitos dependimentos” que cabem aos humanos e resolveram legar aos poetas a lírica tarefa de versar as coisas.
O grande Manoel sempre nos transportando para mundo oníricos…lindos!
Beleza encantada por aqui, Norma.
Bjos mil,
Calu
luma rosa
Oi, Norma!
Esse é um dos poemas de Manoel de Barros, que mais gosto! Gosto também d’O Livro sobre nada e Olhos parados. Ele dá um novo vigor à linguagem com seus neologismos e sinestesias. Como ele disse em uma entrevista, das poucas que deu: “Temos de molecar o idioma para que ele não morra de clichês”
Beijus,
marli soares borges
Lindo esse poema Norma. Aliás, quem me conhece sabe que desde sempre eu gosto do “Manoelito”, como o chamo carinhosamente, rsrsrs. Mas que ninguém se engane, “molecar” o idioma não é para qualquer um, há que saber “iluminar o
silêncio das coisas anônimas”! E isso é com meu querido Manoelito.
Bjs
Marli
http://marliborges.blogspot.com.br/
Toninho
Muito bom e cheio de figuras com arte.
Parabens na escolha do encantamento.
Abraços.