Blogagem Coletiva- sentimentos e Emoções

Hoje continuamos a  Blogagem Coletiva sobre sentimentos e emoções organizada por Glorinha do blog Café com bolo  com o tema Desejo  e esta  é a minha participação.

desejos

Imagem Internet

Quero saber o que você deseja ardentemente, se você se atreve a  sonhar em encontrar os desejos do seu coração.” Oriah Mountais Dreamer.

Nós, humanos, somos seres desejantes. A pulsão (impulso) e o desejo nos diferenciam dos animais, seres de puro instinto e de necessidade.

Segundo  Garcia-Rosa, “o desejo jamais é satisfeito“, pois nas palavras de Lacan “O  desejo é sempre o desejo de um outro desejo que se manifesta a partir da demanda “(solicitação de uma presença ou ausência).

Conforme o entendimento pela psicanálise, desejo não é a mesma coisa que a necessidade, conceito biológico, natural, que implica uma tensão interna que leva o organismo à redução dessa tensão ou satisfação (autoconservação).  Segundo a Teoria de Maslow, as necessidades humanas podem ser agrupadas em cinco níveis: fisiológicas, sociais,  de segurança, estima e autorealização.

No sentido epistemológico, desejo  é um tipo de atitude mental  (Dicionário Wikipédia);  de ordem puramente psíquica (fantasma ou  fantasia). “O efeito do desejo arcaico inconsciente é matriz dos desejos atuais, conscientes e inconscientes.” CHEMAMA, 1995.

Muitos sofrimentos surgem  por esta falta de discernimento entre desejos e necessidades,  na ocasião em que alguns desejos não são saciados.

Em sintonia com a nossa temática, assisti  ao flime  O preço da traição em que o desejo é o elemento principal. Uma médica e um professor é,  à primeira vista, o casal perfeito que parece ter uma vida idílica. Mas em função de algumas situações a mulher começa a suspeitar do marido.  Para pôr em xeque a sua fidelidade, ela decide contratar uma acompanhante para seduzi-lo.

Dias depois, a pessoa contratada confirma as suspeitas da  mulher  relatando seu primeiro encontro com ele.  A esposa sofre com os detalhes, mas aumenta seu envolvimento,  pedindo que a garota continue o plano. Fica evidente que a médica está dividida e não consegue esconder sua excitação ao ouvir os relatos. No desenrolar dos acontecimentos, ela envolve-se sexualmente com a garota  com o desejo de resgatar a intimidade  anterior que tinha com o marido. Enfim, levada pela suspeita da infidelidade, trai,  redescobre a chama de sua paixão e,  ao confrontar- se  com o  marido, percebe que ele não se relacionou com a garota e nunca a traiu.

Ambos concluem que foram se distanciando aos poucos e direcionando seus desejos a outros objetos, deixando o vazio entre eles.

A realidade do mundo, dos acontecimentos e dos fatos frustra nossa capacidade desejante. Definir o que se quer,  e não criar grandes expectativas  possibilitam traçar caminho e a não “permanecer” onde não se deseja.

Referência bibliográfica

CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise. P. Alegre: Artes Médicas, 1995.
LACAN, J.  O seminário: mais ainda, livro 20. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
GARCIA-ROZA, L. A. O mal radical em Freud. Rio: Jorge Zahar, 1990.

 

Comments

  • chica
    Responder

    Linda e reflexiva tua participação!beijos,tudo de bom,chica

  • Tati
    Responder

    Oi Norma, não conhecia o filme, mas parece bem interessante, por que é tão humano, tão plausível! Nós criamos tramas dentro de nós, nos enrolamos em nossos “sentires”, e quando percebemos, não sabemos bem para onde estamos indo, ou melhor ainda, para onde queremos ir. Qual nosso desejo? Não vivi isso no casamento, mas profissionalmente, algumas vezes esbarro nesta armadilha.
    Beijos.

  • Alexandre Mauj Imamura
    Responder

    Norma. Como sempre um post impecável.
    Gosto do jeito que vc escreve, pela reflexão e conhecimento oferecido.

    Realmente, a nossa maior dificuldade é diferenciar desejo e necessidade. Sofremos muito pelos nossos desejos, nem sempre possíveis de realização.

    Boa sexta! Amo esse espaço.
    bjs

  • Sonia Beth
    Responder

    Quero saber o que você deseja ardentemente, se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.” Oriah Mountais Dreamer.

    Sem comentários

    beijocas

  • Astrid Annabelle
    Responder

    Pois é os desejos…Norma gostei de toda a bordagem que fez e da envolvente história desse filme.
    Temos que repensar sobre desejos, pois são reflexo da mente. Desejos do coração, aí a conversa muda de figura…
    Muito bom.
    Um beijo agradecido
    Astrid Annabelle

  • Isadora
    Responder

    Oi Norma, já li a respeito do filme mas não tive a oportunidade de vê-lo. E o final é esse mesmo começamos a desconfiar da pessoa que está ao nosso lado, sem pararmos para pensar que também somos nós que criamos os abismos.
    Que todos os abismos sejam diminuidos e que possamos sempre ver o nosso desejo pulsar ao lado de quem amamos.
    Um grande beijo

  • Glorinha Leão
    Responder

    Desejos podem ser armadilhas ou nos impulsionar para a frente. Cabe a nós distingui-los, não é? Belo post! bjs.

  • Nilce
    Responder

    Oi, Norma

    Realmente “…desejo não é a mesma coisa que a necessidade, conceito biológico, natural, que implica uma tensão interna que leva o organismo à redução dessa tensão ou satisfação (autoconservação)”(..).

    Numa sociedade onde as frustrações são compensadas com os desejos, devemos refletir muito mesmo e buscar o “não desejar”.

    Adorei a tua abordagem sobre o tema.

    Bjs no coração!

    Nilce

  • Ana Karla Misturação-Misturão
    Responder

    Olá Norma!
    Vim conferir o seu post de hoje.
    Bom final de semana.
    Xeros

  • Deia
    Responder

    Oi Norma. É mesmo preciso distingir desejo de necessidade, pois senão sofreremos mais à frente. Quanto ao filme, às vezes os casais se distanciam mas, quando há tempo, ainda se percebem e voltam a se unir. Um beijo, Deia.

  • Macá
    Responder

    Olá Norma
    Texto pensante esse seu.
    Às vezes eu sofro com alguns desejos porque eles são realmente necessários. Os que são só desejos de momento, logo, deixo-os para lá.
    Um beijo

  • Beth Q.
    Responder

    Oi, Norma!
    Demorei, mas cheguei! É que estou na minha casa em Petrópolis e estava sem conexão, mas já deixei lá meu posto.
    O seu está muito bom e fiquei até pensando por aqui sobre esta forma de expressarmos nossos desejos e depois ficar frustrados. Acho que disse mais ou menos isso em meu post também.
    um super beijo carioca geladinho da serra

  • Meru Sami
    Responder

    Gostei dessa abordagem ” psico-filosófica ” sobre o desjo. Mantém o equilíbrio entre o que vem da fé e o que vem do laboratório.
    Parabens!

  • roselia
    Responder

    Olá,
    Uma vez sem desejo algum… estaríamos num estado vegetativo…
    Tenhamos sempre vida pulsando em nós!
    Bjs e serenidade

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Estou acompanhando esta temática em alguns blogs e a cada um que visito encontro um texto melhor do que outro. E pra variar, a sua abordagem é simplesmente maravilhosa. Abraços, Norma. Bom final de semana. paz e bem.

  • Norma Emiliano
    Responder

    Olá meus queridos

    As coletivas têm nos dado a oportunidade de expormos nossas idéias, conhercermos as idéias dos demais participantes, refletirmos sobre o que cada um nos ofereceu. Enfim, enriquecemos nossa visão.
    Nesta , o número de participante é grande e ontem não tive disponibilidade para visitar a todos, mas estarei fazendo isto ao longo deste dia.
    beijos
    Bom final de semana

  • marli soares borges
    Responder

    Olá Norma,
    Adorei o post.
    Não vi o filme. Não é o tipo de filme que me atrai.
    Quanto aos desejos, nosso pensamento desenha nossa vida, portanto temos que estar atentos ao que pensamos. A necessidade tem outra natureza, como ficou bem claro no seu texto, portanto, penso que não há possibilidade de ser confundida com os desejos.
    Bjssss

  • Manuela Freitas
    Responder

    Olá Norma,
    Gostei muito deste teu post sobre o desejo, porque revela pesquisa. Eu também enveredei pela pesquisa filosófica do assunto e comecei a ficar muito confusa, com opiniões tão diversas sobre o mesmo!
    Em síntese: desejar é uma constante da vida, mas concordo absolutamente como terminas o teu post, «A realidade do mundo, dos acontecimentos e dos fatos frustra nossa capacidade desejante. Definir o que se quer, e não criar grandes expectativas possibilitam traçar caminho e a não “permanecer” onde não se deseja.»
    Muitos beijinhos,
    Manú

  • Michelle
    Responder

    Olá, Norma.

    Super interessante a sua abordagem. Gostei particularmente do aconselhamento sobre definir o que se quer/deseja e, antes disso (imprescindível), estabelecer claros conceitos sobre desejos e necessidades.

    Um abraço,
    Michelle

  • Socorro Melo
    Responder

    Oi, Norma!

    Excelente o seu texto. E a grande lição é que devemos aprender a discernir os nossos desejos, para que os mesmos não se tornem para nós pedras de tropeço. Um desejo sempre demanda outro, por isso o cuidado para não nos perdermos nos mesmos.

    Desejo-lhe harmonia e paz!
    Socorro Melo

  • Luma
    Responder

    A grande questão dos “espelhos”, projetar nas pessoas aquilo que melhor ou pior somos e alimentar isto! Uma vez li uma matéria dizendo que alguns casais traem para dar ânimo a vida do casal. Muito louco isto, não acho certo, traição, infidelidade e algo dificilmente alguém esquece, porque representa desamor ou amar menos, apesar de muitos afirmarem que conseguem fazer sexo sem prejuízo emocianal
    Para mim, o desejo é o nosso próprio impulso de sobrevivência, sem o desejo não há vontade de realizar ou conquistar, amar ou seja lá o que for para saciar um outro sentimento que muitas vezes não identificamos.
    Bom domingo! Beijus,

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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