Aposentadoria

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“Na teia relacional, as velhas relações têm uma vitalidade que apóia a vida; sem ela é mais difícil ficarmos vivos”. Hillman, 2001

 

Se partirmos do pressuposto que o ser humano é resultado das suas interações é de vital importância o jogo das influências recíprocas para se ultrapassar as diversas etapas do ciclo evolutivo. Assim, falarmos em aposentadoria implica em nos contextualizarmos com o ciclo evolutivo familiar, tendo em vista que os relacionamentos familiares, passados e presentes, desempenham papel crucial para a qualidade de vida nesta etapa.

Comumente as pessoas não desenvolvem de maneira harmônica os diversos papéis e no momento da aposentadoria este fato se torna um fator, de certa forma, paralisante, pois para muitos a própria imagem está ligada ao trabalho e ao abandonarem este papel passam a não se considerarem mais necessário aos outros. Isto pode resultar no sentimento de inutilidade e de frustração em relação a  necessidade de estima pessoal.

É notório que é mais fácil para a maioria das mulheres seguir em frente, pois normalmente, aprendeu a diversificar seus papéis. Assim, para o homem a redefinição do tempo é mais severa. Este período pode ser caracterizado como grande fase da possibilidade do lazer, da realização pessoal e do investimento em si próprio, mas a maneira como cada um irá lidar com os novos acontecimentos vai depender, entre outros aspectos, do seu autoconceito e de sua autoestima que estão ligados principalmente às suas interações familiares passada e presente.

A solidão é uma grande ameaça para o aposentado; é na família que as pessoas podem estar buscando recursos para poderem viver esta etapa de confronto dos sonhos, perdas e realidade de forma mais afetiva e criativa. É preciso que seja acolhido e valorizado. Para tanto, é importante valorizar o significado de sua presença, pelo testemunho de vida realizadora que apresentou, por tudo que viveu, pela família que criou e pelas atividades que poderá vir a desempenhar. Contudo, é vital que a individualidade seja reconhecida e respeitada no sentido de que possa escolher suas novas atividades e não fique limitado ao ciclo familiar.

dia-do-idoso

 Norma Emiliano

Comments

  • Ailime
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    Boa tarde Norma,
    Não é fácil a adaptação à aposentadoria, uma vez que de um dia para o outro ficamos com essa sensação de inutilidade.
    É necessário dar tempo ao tempo e encontrar/ criar alternativas para suprir um pouco a situação e que ajude a minorar a solidão.
    Um tema muito pertinente e importante.
    Beijinhos e boa semana.
    Ailime

  • misturebasblog
    Responder

    Uma fase maravilhosa da vida e para tanto, família, cônjuge, tudo fica mais próximo e essa convivência faz bem. Fazer o que gosta, dar =se presentes como viagens, aproveitar cada dia beijos, chica

  • Élys
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    Uma fase maravilhosa que vai depender de como cada pessoa ve a vida. Há muita coisa que podemos nos ocupar e também o tempo fica mais fácil de se organizar.
    Um abraço. Élys.

  • Vera Lúcia Duarte
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    Olá Norma,
    A aposentadoria pode ou não ser uma fase gratificante na vida das pessoas, dependendo dos seus anseios, interesses e vínculos afetivos.
    Para o homem me parece ser sempre mais difícil a adaptação. Ficam inquietos e agitados, pois sempre viveram para o trabalho. Ao contrário, é uma fase esperada para as mulheres, embora, de início, possa parecer assustadora. A mulher sempre acumula atividades e livrar-se da principal (o trabalho fora, p. ex.), deixa-lhe espaço para realizar muitos dos seus sonhos, além de muitas se ocuparem com os netos. Sem dúvida, será importante que os aposentados mantenham sonhos e robes, além de uma família que os ama. Caso contrário, a solidão será inevitável. Também acho que não devem ficar limitados ao ciclo familiar. Alimentar as amizades construídas ao longo do tempo será de grande ajuda para vivenciar bem a nova etapa.
    Ótima semana!
    Beijo.

  • taislc
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    Enquanto alguns ficam felizes com a chegada da sua aposentadoria, outros entram em conflito: e agora… o que vou fazer? O ser humano é muito complicado: quando está trabalhando, diz estar se matando, que não vê a hora de aposentar-se; quando se aposenta reclama do que fazer. Aí entra em depressão e a coisa fica complicada.
    A vida do aposentado torna-se triste quando o indivíduo fez do trabalho o centro de sua vida. Acabou uma etapa? Bola pra frente: existem mil atividades. Uma delas é manter-se saudável. Esquecer da palavra Idoso, Melhor idade, Terceira idade, Feliz Idade, essas bobajadas. Esses rótulos não servem pra nada.
    Beijo, Norma!

  • Roselia Bezerra
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    Boa noite, querida Norma!
    Depois de aposentada há 20 anos, pude saborear a vida com calma… vale muito a pena trabalhar e aproveitar uma vez cumprido o tempo necessário…
    Bjm muito fraterno

  • toninhobira
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    Pois é Norma, o assunto aposentadoria tão sonhada e badalada nos últimos dias na vida moderna tem se tornado um momento complexo para o ser, justamente pelo sentimento de inutilidade. Chega ser cômico as pessoas sonharem a aposentadoria e quando ela vem, passam por este momento de solidão e saudades de seu ambiente de trabalho, o que poder caracterizar que a família falha, a sociedade falha e nos casos de homens muitas vezes o tempo maior de disponibilidade pode levar a secar esta solidão em bares e assim atenuar ou adquirir um alcoolismo. Conheci muitos casos assim principalmente das pessoas da área industrial, que normalmente findam suas habilidades seja por dureza da função, ou mesmo por leis que os impediam em seguir com atividades correlatas, como eram os aposentados de periculosidade e penosidade.Se voce fizer uma pesquisa pelas cidades industriais vera como nestas temos casos de alcoolismo e até suicídios. As empresas de grande porte tinham programas de preparação para a aposentadoria na minha época (1998). O ideal seria também que as pessoas aposentadas não perdessem tanto de seus recursos ao longo do período de aposentado que tem feito estragos nas familias, mas isso é assunto para outra postagem.
    Um abração.
    Bjs.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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