Amor e sexo no envelhecer

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HENRY ASENCIO

Era um dia sem brilho, nuvens grossas cobriam o céu e ali estava ela sentada numa praça praticamente vazia. Sentia no rosto uma fina brisa e ouvia ao longe o ondular das ondas do mar. Seu pensamento vagava, sentia um grande vazio.

Há alguns anos não mais se reconhecia. Perdeu o entusiasmo diário, o sorriso dos lábios e o brilho dos olhos. Sentia-se insossa, sem paixão.

Sempre ouvira dizer que não é preciso ter alguém para ser feliz, contudo para ela o amar e ser amada era estar viva. Tinha o amor da família, mas era diferente. Sente falta da sedução, do encontro dos olhos, dos afagos pelo corpo. Perdera seus encantos, não os encontrava no espelho próprio e sentia- se invisível entre a multidão. Ouvia alguns elogios de amigas pela forma como se vestia, pela aparência jovial. Mas isto não correspondia ao seu sentir. A passagem do tempo não estava fácil de ser encarada. Buscava se cuidar, entretanto o viço sumira, não havia brilho. Desanimo era o que estava a sentir.

Este é um recorte do cotidiano de muitas mulheres que, no decorrer do envelhecimento, ainda sonham com o amor.   São  várias as formas de se viver depois dos 60 anos, alguns mantêm a produtividade, outros se direcionam a fazer trabalhos sociais, à religiosidade, a realizar viagens, a investir em amizades, a investir nos netos e sentem-se bem. Contudo, para outros, o amor, o vínculo é essencial para sua vitalidade.

Amar é ir ao encontro de alguém e permitir a vinda deste ao encontro de quem o busca (Almeida, 2003 in Almeida de T.) e a  sexualidade está presente em todas as fases do desenvolvimento do homem. A função sexual continua por toda a vida, mesmo na terceira idade.

Alguns autores afirmam que a capacidade para sentir atração amorosa e a esperança de ser correspondido é imprescindível para o sucesso de um relacionamento amoroso. Portanto, pode até haver um desejo de encontrar o outro e de ser amado, mas não há motivação suficiente por não acredita em si mesmo. Para que uma pessoa se enamore de outra esta pessoa deve ter uma disponibilidade, não só física, mas uma disponibilidade psíquica para ir e vir ao encontro do outro (Almeida de T). Assim sendo, aquelas que se fecham não re significando pensamentos e comportamentos restam apenas a solidão e o vazio.

O amor e sexo sempre estão presentes para serem redescobertos, intensificados ou mesmo apreciados pela primeira vez, não importando a idade que se tenha” (Butler & Lewis10, 1985).

Referência

. Almeida de T. Envelhecimento, amor e sexualidade: realidade ou utopia? monografia on line em Monografias.com.

. Butler RN, Lewis MI. Sexo e amor na terceira idade. São Paulo: Summus; 1985.

Norma

 

Comments

  • misturebasblog
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    Norma, vim agradecer teu carinho no canteiros e lá na Ana Paula e encontro esse lindo, profundo texto. Também no amor temos que nos renovar e saber das diferenças com o passar do tempo. Importa é estar juntos, sentir que somos amadas e demonstrarmos sempre isso também! bjs, chica e tuuuuudo de bom!

  • verena
    Responder

    Que lindo e tão verdadeiro texto, Norma
    Obrigada por brincar junto por lá.
    Fiquei muito contente.
    Um afetuoso abraço de
    Verena e Bichinhos

  • Ailime
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    Boa tarde Norma,
    Um texto e reflexão muito importantes.
    O amor e a sexualidade não têm idade e cabe a cada um vivê-los da forma que for mais adequada à sua relação.
    Um beijinho.
    Ailime

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Boa noite, querida Norma!
    Uma coisa fica a falar no texto por mim: é sobre a questão de se viver melhor com o amor e o sexo ou não… se não trazem felicidade, é muito melhor ficar só…
    Entrar, literalmente, numa roubada não mais… se bem que em fase alguma, rs…
    Tão bom curtir a vida, ficar só e não entrar mais em enrascada só pra se dizer acompanhada…
    Se, proventura, for melhor, se perceberá e, aí sim, valerá a pena ser bem acompanhada… mas isso toma tempo e não pode ser assim de qualquer jeito só porque seria bom tê-los presente em nós na terceira idade!
    Bom abordar uma tema muito interessante, pois, nesta idade, a gente quer MUITO em qualidade tanto de um como de outro, graças a Deus!
    Temos muito a curtir igualmente valoroso e salutar! O brilho do olhar não se perde assim… a vida é maravilhosa! O Amor nos conduz sempre!
    Bjm muito fraterno

  • toninhobira
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    Pois é Norma você abordou um tema interessante o da sexualidade no envelhecer. Claro que existem mitos que acabam por direcionar esta situação de abandono,solidão e aceita por muitos no envelhecer. Principalmente o sexo feminino onde o mito vem com mais força, numa falsa afirmação de que há uma perda de interesse natural. E os exemplos provam a falsidade desta afirmativa. O que muitas vezes acontecem creio seja a falta de sedução, o reinventar-se para a sexualidade.Na maioria dos casos as pessoas se entregam aos casos muito relacionados no texto e assim neste comodismo, cria-se o desinteresse, que em outra etapa trás de volta a solidão. Enquanto houver desejos haverá a possibilidade de reencontrar este lado do amar e ser por inteiro o amor.
    Muito boa postagem.

    Eu sempre tenho notado um numero pequeno de leituras por aqui, o que estranho dado à importância de suas postagens, inclusive outro dia levei o link para meu blog como convite à leitura.
    Enfim tem cosias nesta blogosfera que a gente não entende, mas estarei sempre chamando a atenção para os bons textos como este.
    Bjs.

  • Majo Dutra
    Responder

    Cheguei pela publicação do Toninho…
    Gostei muito.
    Parece que foi escrito para mim…
    Dias felizes, Norma.
    ~~~~~~~~~~~

  • rosafogossinfoniaesol
    Responder

    Dou o meu testemunho, sou casada há 56 anos, e o interesse um pelo outro mantêm-se bem vivo, adoramos viajar o que nos permite sairmos da rotina onde por vezes nos relaxamos um pouco, e viajando renasce em nós a vontade de andar de mão na mão, de namorar um pouco, de procurarmos no fundo um pouco de felicidade e não deixarmos que o tempo nos apanhe. Gosto francamente das suas postagens, voltarei com tempo. Tudo bom, saúde.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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